Depois de tanto tempo estudando este assunto pouco comentado, tentei resumir o conteúdo que encontrei, com raros materiais disponíveis, que ainda não chegou na grade de cursos das faculdades relacionadas (o que acredito que seja apenas uma questão de tempo, assim como o Design Biofílico – estudo para utilização do ambiente natural, por meio do uso da natureza direta e indireta, de acordo com as condições que o espaço proporciona – que já se tornou uma matéria e uma profissão com especialistas).
O Design de Interiores com Memória Afetiva, também conhecido como Design Afetivo, é um conteúdo atual e antigo ao mesmo tempo, pois o conceito de viver bem surgiu na Grécia Antiga, projetando e enxergando a essência do ser humano através dos ambientes e itens decorativos, escolhidos cuidadosamente, pois o Design Afetivo pode revelar coisas que sabemos ou até desconhecemos sobre nós mesmos. A nossa relação com os ambientes refletem muito o nosso interior e pode até ser uma via de transformação, renovação. Um espaço ganha beleza e significado, quando incentiva a relação do usuário com os elementos dispostos, pois eles se associam a sentimentos e lembranças.
O Design Afetivo é um conteúdo raramente explorado, mas muito presente. É bem subjetivo, pouco concreto, e muito profundo, por conta da grande ligação com a psicologia. É relacionado com a afetividade, quando o morador se projeta nos objetos para que eles o lembrem o que tem de melhor em si. Em momentos que parecem que nos perdemos de nós mesmos, a decoração pode nos lembrar quem somos, de onde viemos e para onde queremos ir, equilibrando passado, presente e futuro.
Este movimento, que vai além de um estilo, é o oposto de uma corrente do Design de Interiores que se utiliza de uma estética mais comercial, no caso de residências que lembram “showroom” de lojas de decoração e não deixam de ter o seu valor, mas não possuem a capacidade de fazer essa ligação emocional, que promove, por exemplo, aquela sensação única de bem-estar de quando viajamos por um longo período e chegamos em casa, e a casa nos acolhe.
Olá! Postei nas minhas redes sociais sobre mandalas prontas que pintei e enquadrei, é bem fácil de fazer e acho incrível ter em casa algo feito por você mesmo. Vou resumir um pouco do que estudei sobre mandalas e rosáceas para entenderem o significados desses elementos tão representativos.
Mandala é uma palavra que em sânscrito significa círculo. É utilizada como expressão científica, artística e religiosa, desde o início dos tempos, com diversos significados em diferentes religiões. As mandalas podem ser encontradas em igrejas cristãs, em suas rosáceas. Um exemplo do uso da mandala na arquitetura brasileira, é a planta superior da Catedral de Brasília.
A Rosácea é definida como uma figura simétrica, terminada em circunferência, e que revela analogia com a rosa. A história nos mostra que mandalas e rosáceas, de uma forma ou de outra, sempre estiveram presentes nas produções humanas. No caso das rosáceas, que partem do princípio do uso da luz (através, principalmente, dos vitrais) e da cor, viraram um dos símbolos da arquitetura gótica. Representam a espiritualidade e ascensão ao sagrado, além de lembrarem uma flor, por isso o nome derivado de rosa.
Para o psiquiatra e psicoterapeuta Carl Jung, que até escreveu um livro sobre o assunto, “O simbolismo da mandala”, ela é uma representação gráfica do centro (Self ou si mesmo). Ele as descreve como personificações ideais que se manifestam na psicoterapia, interpretando-as como símbolos da personalidade dos pacientes, em seu processo da individualização. Bacana né? E aí, bora pintar um pouco no feriado?
Continuando com o assunto do novo morar, ouvi em uma palestra sobre o resultado de uma grande pesquisa realizada no Brasil durante mais de um ano, em parceria do Grupo Abril com o URB (escritório multiprofissional de tendências) por profissionais de design de interiores e arquitetura, entrevistando historiadores, sociólogos, filósofos, psicólogos, consumidores, comerciantes e fabricantes da área.
Juntando todas as informações, os profissionais concluíram que, resumindo a pesquisa, a tendência é ter 4 tipos de casas, que se unem, se misturam, são eles: casa hotel, casa clube, casa galeria e casa escritório.
Casa hotel é um conceito que surgiu depois da bolha imobiliária nos EUA, em 2007. A crise levou as pessoas a compartilharem espaços, criarem mais vínculos, valorizarem experiências, movimento e desapegarem de excessos.
Casa escritório é fazer da casa o local de trabalho, por causa da valorização da mulher, da dificuldade de locomoção nos grandes centros e da possibilidade de trabalho remoto e dos estudos à distância ou também a ideia de abrir um espaço comercial na própria casa.
Casa galeria tem o resgate do trabalho artesanal como princípio, trazer momentos para a decoração através de viagens, referências (isso me lembra tal coisa, tal pessoa). Observamos aqui o conceito de design afetivo aparecendo novamente. Um exemplo disso foi o uso do marmorite e granilite na Casa Cor desse ano, aqueles pisos muito usados nas décadas de 40 em halls, escadas de prédios e outros espaços de circulação, devido à resistência, agora, assim como as cubas, também voltam repaginados e usados de outras formas como em paredes, mas novamente nos fazem lembrar nossas infâncias. A feira Isaloni (Salão Internacional do Móvel de Milão) de 2018 também nos deu uma amostra disso retomando o uso do veludo.
Casa jardim dá a ideia de um jardim particular, através de adornos rupestres, objetos com materiais naturais, trazendo sempre a natureza para dentro da residência. Na Isaloni foi usada iluminação lembrando árvores, também com almofadas e estampas nesse motivo.
Granilite usado em parede:
Imagem (https://homeadore.com/2017/04/27/fitzroy-north-home-zunica-interior-architecture-design/)
Marmorite redesenhado:
Imagem (https://casavogue.globo.com/Design/Revestimentos/noticia/2017/02/o-marmorite-esta-de-volta.html)